O AE Ansião e a Memória do seu Confinamento
Corria o dia 13
de março de 2020, 6ªfeira quando as escolas do nosso país encerraram por
decreto governamental, por precaução, devido ao surto Covid 19.
Se uma semana
antes o caminho até à aula dependia apenas de uma viagem de autocarro agora era
necessário algum equipamento e conhecimento tecnológico que nem todos tinham.
Outros espaços
encerraram e, com medo e por recomendação, recluímo-nos nas nossas casas.
Enfrentámos desafios monumentais em todos os setores da sociedade – na
economia, na cultura, na religião, no desporto, na educação, na nossa família...
O AE de Ansião fechou
as suas portas e uma nova Era da Educação recomeçou, a 16 de março, 2ªfeira,
com o Ensino à Distância (E@D).
Um fervilhar de
ações aconteceu nesse fim de semana. Como vamos comunicar com os alunos? O que
é necessário fazer? Logo na 2ªf., com o esforço de muitos, conseguimos os
contactos dos alunos e implementámos o
ensino à distância possível, numa situação de emergência. Readaptámos os horários em todos os anos de
escolaridade, passámos a utilizar o conceito de aula síncrona e assíncrona e
foi criado o mail da turma. Contactámos os nossos alunos por mail, por
telefone, por whatsapp, através do facebook, enviamos recados…só ficaram de
fora os sinais de fumo e o código morse( :)).
Apesar de tudo a
comunicação funcionou e assim estabelecemos a relação possível desde o Pré
Escolar ao 12º ano.
No período de
interrupção da Páscoa, continuámos a investir na comunicação e no
aperfeiçoamento da nossa Escola em Casa.
Elaboraram-se à
distância grelhas com planos de trabalho e orientações para alunos e docentes; tomaram-se
decisões sobre a melhor plataforma para a nossa Escola; procedemos ao
levantamento das necessidades tecnológicas de todos e de cada um; em poucos
dias criaram-se mais de 1000 mails individuais de trabalho para os alunos desde
o 3º ano ao último ano do Ensino Secundário e de grupo turma.
Concomitantemente
e numa ação bem concertada, conseguimos, Agrupamento e Município atribuir, a
título de empréstimo e com critérios bem definidos, acessos de internet e mais
de 80 PC´s para os alunos /famílias que deles careciam na sua comunicação diária
com a escola.
Este foi um
“passo largo” no E@D, conseguindo-se assim uma relação tecnológica mais
proveitosa, com todos, a partir do início do 3º período.
A 18 de maio há
a retoma do ensino secundário, acolhendo a Escola Sede do agrupamento, alternadamente
os alunos de 11º e 12º anos, mais de 160
alunos em salas amplas e com o distanciamento social recomendado.
A 1 de junho é
tempo de iniciar os risos dos mais pequeninos com o início do Pré
Escolar…tarefa difícil esta de ensinarmos as crianças de tenra idade a não se
tocarem a não demonstrarem afetos…
À parte o breve
historial apresentado, dar 3 notas:
- Estamos em crer que algumas mudanças poderão
ser mesmo irreversíveis. As grandes epidemias provocaram sempre grandes
transformações nas estruturas sociais. Tal foi o caso da Educação - a Escola
Mudou, os professores mudaram, os alunos e as suas famílias mudaram. Todos
tivemos de reinventar tudo: aprender a trabalhar com novas ferramentas digitais
que, para alguns já não eram novas, mas para outros foram uma aprendizagem
difícil; aprender a fazer vídeos, aprender a partilhar a tela … são capacidades
que hoje muitos são capazes de realizar, mas foi duro!
- Uma
palavra de apreço para as famílias. Num momento em que o professor esteve mais
longe do que o habitual, as famílias foram obrigadas a encontrar, num curto
espaço de tempo, novas dinâmicas de relacionamento, repartindo-se entre a
família/ a escola dos filhos, o trabalho, o receio da doença desconhecida…
- Com o calendário do novo ano escolar à
porta, há ainda muito a fazer no E@D. Este foi um ensino remoto de emergência.
Aguardamos com expectativa o plano de digitalização das escolas que contribua
para a equidade e para uma aprendizagem mais efetiva. Numa altura em que impera
a incerteza, uma certeza temos – ninguém aprende no E@D como se estivesse
numa sala de aula presencial e ninguém substitui o professor, pois a verdadeira
aprendizagem faz-se na relação presencial com o outro;